quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Coitada São Luís

Por Américo Azevedo Neto
Todo mundo gosta da possibilidade de vir a ser uma pessoa sem similares. Uma pessoa única. Todos - parece -   aspiramos ser uns indivíduos  impares ou então dispondo de alguma característica  que não seja comum aos outros. Essa individualidade  é sonho para a maioria das pessoas. Para algumas, por sinal, chega a ser quase meta.
Isto vale também para os centros urbanos. E tanto vale que a  maioria da publicidade produzida para atrair possíveis turistas é feita a partir de bens – físicos ou culturais – que só esta ou aquela cidade tem o privilegio de dispor para oferecer como produto.
Por outro lado verificamos que alguns bens urbanos são encontrados na maioria delas. Por exemplo, aquela avenida aqui de São Luis, chamada de Av dos Holandeses, é uma avenida muito bonita, mas extremamente comum à grande maioria das cidades. Em qualquer lugar do mundo, a gente encontra uma avenida assim: larga, razoavelmente asfaltada, ladeada por belas lojas, ótimos bares, elegantes cafés, além de um trafego conturbado, mas charmoso, feito por grande quantidade de carros de luxo.  Um bonito instante de modernidade, é verdade, mas uma avenida assim, quase todas as cidades de porte médio do mundo, também tem.
São Luis, no entanto, dispõe de um bem que só ela - ou melhor dizendo – quase nenhuma  possui:  um bairro (Vê bem: não é uma rua, é um bairro!) que é um belo  e raro exemplo de  determinado momento de   específica civilização: o nosso Centro Histórico.
Nós temos os dois exemplos: a Avenida dos Holandeses e a Praia Grande. Mas em relação a isso, nós nos portamos como se a Praia Grande  fosse comum a todas as cidades e a Avenida dos Holandeses fosse um instante raríssimo de paisagem urbana. Tal atitude é, no mínimo, - essa sim! - uma burrice de  raro brilho e uma insensibilidade das mais incomuns.
Chegaremos – no ano que vem – aos quatrocentos anos de São Luis. Uma bela idade que solicita uma bela festa. Mas parece que a  estrela dessa festa será aquela avenida acompanhada de outras similares. A Praia Grande – salvo engano – continuará a disposição de turistas desavisados e putas avisadíssimas. Ou então de algum instante de demagógico festejo. E se digo demagógico é porque só aceitaria algo que não fosse assim qualificado se fosse uma ação ampla, lúcida e principalmente constante de conservação e enriquecimento daquele  tão belo, tão raro e tão desprezado bairro.
Se alguém – Estado ou Município – quer fazer uma festa com as mesmas dimensões e importância da idade da aniversariante, então que crie um pouco de atitude (Será mesmo atitude que falta?) e cuide desse nosso bem único e ímpar: a Praia Grande. Afinal isso não é nem um patrimônio nosso: é da humanidade, do qual, por sinal,   nós somos apenas fiéis depositários. Porem, por enquanto, infelizmente,  nisso de fiel depositário,  a gente não está   conseguindo nem ser fiel nem depositário. 

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